SEMANA DE ORAÇÃO
PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS
Cristo, único fundamento da Igreja (1Co 3,1-23)
PREÂMBULO
Introdução
Temos a alegria de anunciar o nascimento de uma nova era de colaboração
entre o
Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Igreja
Católica) e a
Comissão Fé e Constituição (Conselho Mundial de Igrejas). Uma nova etapa
na direção da unidade dos cristãos acaba de ser iniciada. Este ano, pela
primeira vez, o texto para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
não apenas foi preparado em comum pelo CPPUC e Fé e Constituição mas as
versões francesa e inglesa são uma publicação conjunta desses dois
organismos. Agradecemos sinceramente a Conferência Nacional dos Bispos de
Brasil (CNBB) por ter generosamente assumido a responsabilidade da
tradução deste livreto para o português. Nós os encorajamos a fazer bom
uso deste texto, naturalmente durante uma semana especial, mas também como
base da vossa oração pessoal e de orações públicas pela unidade ao longo
do ano.
† Brian Farrell, Secretário
Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos
TESTO BÍBLICO PARA A SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS
1 Coríntios 3,1-23
Quanto a mim, irmãos, não pude falar-vos como a homens espirituais, mas
somente como a homens carnais, como a criancinhas em Cristo. É leite o que
vos dei a beber, não alimento sólido: não o teríeis suportado. Mas não o
suportaríeis nem sequer hoje, pois ainda sois carnais. Já que há entre vós
ciúme e contendas, não é que sois carnais e vos comportais de maneira
meramente humana? Quando um declara: “Eu sou de Paulo”, o outro: “Eu, de
Apolo” não estais agindo de maneira meramente humana?
Pois quem é Apolo? Quem é Paulo? Servos pelos quais fostes conduzidos à
fé; cada um deles agiu conforme os dons que o Senhor lhe concedeu. “Quanto
a mim, eu plantei. Apolo regou, mas quem fazia crescer era Deus. Assim
quem planta não é nada, quem rega não é nada: só Deus conta, ele que faz
crescer. Quem planta e quem rega são uma só coisa, e cada um receberá o
salário de acordo com seu próprio trabalho. “Pois nós trabalhamos juntos
na obra de Deus e vós sois o campo de Deus, a construção de Deus.
Segundo a graça que Deus me deu, como bom arquitecto lancei o
fundamento, um outro constrói em cima. Mas tome cada um cuidado com a sua
maneira de construir. Quanto ao fundamento, ninguém pode lançar outro que
não seja o já posto Jesus Cristo. Quer se construa sobre ele fundamento
com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, ferro, palha, a obra de cada
um será posta em evidência. O dia do juízo a tornará conhecida, pois ele
se manifesta pelo fogo, e o fogo comprovará o que vale a obra de cada um.
Aquele cuja construção subsistir receberá um salário. Aquele cuja obra for
consumida, dele será privado; ele mesmo será salvo, mas como quem o é
através do fogo.
Acaso não sabeis que sois o templo de Deus e que Espírito de Deus
habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois
o templo de Deus é santo e esse templo sois vós.
Que ninguém se iluda se alguém dentre vós se julga sábio à maneira
deste mundo, torne-se louco para ser sábio; pois a sabedoria deste mundo é
loucura diante de Deus. Com efeito está escrito: Ele apanha os sábios em
sua própria astúcia, e ainda: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios.
Ele sabe que são vãos. Assim, ninguém ponha o seu orgulho em homens, pois
tudo é vosso: Paulo, Apolo ou Cefas, o mundo, a vida ou a morte, o
presente ou o futuro, tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo, de
Deus. Tradução Ecuménica da Bíblia (Teb)
INTRODUÇÃO AO TEMA
Cristo, único fundamento da Igreja (1Co 3,1-23)
Este tema foi elaborado em um contexto caracterizado pelas novas
possibilidades de crescimento que se oferecem à Igreja. Há mais de dez
anos, as igrejas na Eslováquia passam por um período de renovação e de
desenvolvimento, depois de terem vivido, durante aproximadamente quarenta
anos, uma situação política que, embora lhes permitisse existir, impedia o
seu desenvolvimento e limitava o seu testemunho na sociedade. Para
preparar o tema da Oração pela Unidade deste ano, o grupo reflectiu sobre
as seguintes questões: 1. Qual é o fundamento sobre o qual se constrói a
nova “existência” das igrejas?
2. Existe um espaço de crescimento na unidade simultâneo ao processo de
crescimento das respectivas comunidades confessionais? 3. Quais são os
meios para reforçar o serviço da Igreja? No Novo Testamento encontramos
epístolas dirigidas às Igrejas para encorajá-las no crescimento espiritual
pois elas vivem em um mundo frequentemente hostil aos valores do Evangelho.
Entre elas, a primeira epístola aos cristãos de Corinto é o texto no qual
se baseou o trabalho do grupo de preparação. A reflexão a seguir é uma
introdução teológica e pastoral ao tema deste ano e aos oito dias de
oração que se inspiram principalmente na situação eslovaca e na
experiência recente das suas comunidades cristãs. O desejo do grupo de
preparação é que estas considerações possam estimular todas as Igrejas no
seu contexto específico, qualquer que seja a situação na qual se encontrem
as comunidades cristãs, quer se trate de crescimento ou de declínio.
Crescer na fé significa crescer na unidade
Reflectindo sobre a experiência de crescimento na fé na Eslováquia,
concluiu-se que ela é realmente um dom para todas as igrejas deste país.
Pessoas que se tinham mantido afastadas das igrejas antes dos
acontecimentos de 1989 começaram a se reaproximar delas para encontrar
respostas às questões importantes da própria vida. Isso mostra que as
Igrejas, no seu modo de difundir a mensagem do Evangelho, tiveram de se
adaptar a esse novo contexto. A situação na Eslováquia, então, não era
muito diferente daquela encontrada por Paulo quando ela ajudou a Igreja de
Corinto a crescer.
Apesar disso, esse processo de crescimento passou por fracassos e
problemas. Paulo observa que os conríntios ainda não estavam prontos para
receber o alimento sólido que permite crescer na fé. É normal começar a
crescer bebendo leite. Entretanto, se após um certo tempo o corpo não
consegue absorver alimentos sólidos, é sinal de que o organismo não está
funcionando corretamente.
Paulo emprega uma expressão muito forte para descrever os coríntios.
Ele os chama de “homens carnais” pois vê que não atingiram a maturidade
espiritual. Eles vivem ainda conforme as inclinações humanas que se
manifestam em inveja e querelas mesquinhas (1º dia).
Como Paulo pode utilizar palavras tão fortes para descrever um povo
cuja Igreja é tão rica de múltiplos dons e tão plena de vida? Paulo
conhece bem essa riqueza e se refere a ela em 1Co14.
Essa falta de maturidade espiritual não se manifesta pela ausência de
raciocínios refinados ou de elementos visíveis de poder. A comunidade era
rica em dons e em obras. Neste aspecto, ela não era mais pobre nem mais
frágil que outras. Mas Paulo qualifica essa Igreja de carnal; ele chama os
coríntios de crianças. Por quê? Por causa da ausência de unidade entre
eles.
As Igrejas da Eslováquia se perguntaram em que medida seu crescimento
foi autêntico ao longo dos últimos quinze anos de liberdade e de novas
possibilidades. Que valor têm os resultados alcançados, se ainda existem
tensões entre as diferentes confissões? As Igrejas da Eslováquia
compreenderam a necessidade de orar para que os cristãos cresçam na fé e
que esse crescimento seja marcado pela unidade no serviço e pela
compreensão recíproca.
A humildade no serviço é fonte de unidade
A divisão que reinava em Corinto não era devida à recusa de certos
princípios de fé. O verdadeiro problema era a recusa a abandonar os
antigos comportamentos humanos.
Embora os coríntios tivessem recebido diferentes dons espirituais, algo
lhes faltava: unidade de espírito e de intenções. Paulo recusa esse modo
de ser cristão. Não cai na armadilha do ciúme quando alguns fiéis
professam que o adoram e lhe pertencem. Insiste no fato que nem ele nem
Apolo são “senhores” a quem pudessem pertencer. Eles são “servidores por
quem (outros) foram conduzidos à fé” (1 Co 3,5). Além disso, eles não
exercem esse ministério graças exclusivamente às próprias forças. Dependem
completamente da graça do Senhor para a realização desse serviço. Realizam-no
conforme os dons que o Senhor lhes concedeu.
Essa atitude é, simultaneamente, sinal de humildade de grandeza. O modo
como Paulo concebe o serviço não se inscreve em uma perspectiva terrestre,
segundo a qual um simples servidor se situa nas antípodas do desejo de ser
servido como alguém importante na igreja.
Jesus nos ensina, em Mateus 20,28, que “o Filho do Homem veio para
servir, não para ser servido”. Por isso todos os dons recebidos devem ser
colocados a serviço do plano de Deus, de tal modo que indiquem quem é o
autor mais que o destinatário.
Paulo compreende que o fruto desse serviço será diferente, pois se
construirá sobre a cooperação. É precisamente desse dom que os eslovacos
fizeram experiência. Na nova situação que se criou, principalmente por
causa da mobilidade das pessoas, freqüentemente, os ministros não se dão
conta dos frutos da palavra que foi plantada. Hoje, como no tempo de
Paulo, alguns plantam e outros oferecem o cuidado cotidiano necessário ao
crescimento e outros ainda se ocupam da colheita. Antigamente, as pessoas
passavam toda a vida na mesma aldeia ou na mesma cidade; os pastores
locais podiam, então, acompanhar as necessidades espirituais dos seus
fiéis, desde o momento em que propagavam a semente do Evangelho até o
momento da colheita dos frutos. Hoje, um grande número de pessoas podem
estar engajadas nesse processo de crescimento que não deixa de apresentar
problemas. Até no interior de igrejas da mesma confissão se produzem
tensões entre os fiéis, como foi o caso de Corinto. Além disso, com
freqüência nos esquecemos que não são os ministros que fazem crescer na fé
mas que “só Deus conta, é ele que faz crescer” (segundo dia).
Essa situação deve conduzir-nos a refletir: em que medida as tensões
entre nós são de fato causadas pelas diferenças de doutrina? Não somos
ainda muito orgulhosos? Até que ponto nossas ações estão submetidas ao
desejo de poder mais que ao desejo e à vontade de servir?
Paulo teve de enfrentar uma situação semelhante entre os cristãos de
Corinto. A resposta que ele deu foi a da humildade no serviço como meio
para alcançar a unidade. É disso que ainda hoje as igrejas fazem
experiência através do convívio. Nós compreendemos que somos companheiros
de trabalho, que trabalhamos juntos na obra de Deus, cada um construindo
sobre o único fundamento que ele estabeleceu, isto é, o Cristo.
Conscientes disso, podemos sustentar-nos uns aos outros e agir conforme a
graça que Deus deu a cada um de nós (terceiro dia).
Estabelecer o serviço sobre o único fundamento Nós temos uma grande
responsabilidade no nosso serviço. O fundamento foi lançado mas o edifício
construído sobre esse fundamento depende do trabalho de cada construtor.
Que uso cada um de nós fará do dom que recebeu de Deus? Paulo, na sua
carta, destaca que existe uma variedade de dons e de serviços mas também
que eles vêm todos do mesmo e único Senhor. A diversidade é oferecida pelo
mesmo Espírito para o bem de todos os membros e pela unidade do corpo de
Cristo (1 Co 12,4 ss). Esses dons devem ser utilizados conscientemente
para construir a Igreja e para construir pontes como sinal de esperança e
de unidade em Cristo (quarto dia).
Para Paulo e para nós mesmos é claro que o trabalho cumprido será posto
à prova de modo a evidenciar a obra de cada um. No passado, as Igrejas
estiveram, às vezes, mais ocupadas em resolver as suas questões internas
que em proclamar a mensagem da morte e da ressurreição de Cristo como
fundamento da vida cristã. Paulo, ao contrário, sempre considerou-se
responsável pelas próprias ações e obras diante de Deus. As Igrejas devem
sentir-se responsáveis diante de Deus mas também diante dos outros, como
colegas de trabalho. A tarefa cumprida revelará em que medida nós fomos
bons discípulos de Cristo (quinto dia).
Em seus esforços para encorajar os cristãos de Corinto, Paulo teve de
definir qual era a identidade deles. Por terem recebido o dom do Espírito,
eles tinham se tornado templos de Deus e eram imagem dele. Esta realidade
convida os cristãos a viverem unidos no Espírito Santo que, por sua vez,
os une em Cristo, único fundamento (sexto dia).
Sobre a base das nossas experiências e dos nossos conhecimentos,
começamos a entrever a loucura que nos levou a seguir caminhos separados
que estão na origem das divisões entre os discípulos de Cristo. É a esta
loucura que Paulo se refere no início da sua carta aos coríntios quando
ele os exorta a estarem de acordo e a evitarem as divisões pois devem
estar “unidos no mesmo espírito e no mesmo pensamento” (1Co1,10). Da única
Igreja de Cristo, nós fizemos surgir numerosas divisões fundadas no
desacordo pois, em vez de partilhar o mesmo espírito e o mesmo objetivo,
trabalhamos uns contra os outros. Provavelmente, esse resultado é fruto de
um mundo onde traços de caráter como o individualismo e o desejo de
competir são considerados sinais de sabedoria. Paulo, ao contrário,
proclama a mensagem de Cristo que é humilhado a ponto de aceitar as nossas
fraquezas humanas até a morte, revelando “tudo o que Deus preparou para
aqueles que o amam” (1 Co 2,9) (sétimo dia).
Paulo estabelece um paralelo entre as diferentes pessoas engajadas no
serviço do
Evangelho. Em seguida, ele situa essa fraternidade no contexto de uma
unidade universal e cósmica. Assegura aqueles que, em épocas e em lugares
diferentes, construíram sobre o único fundamento, que pertencem unicamente
a Cristo. Pertencem a ele. Se nós pertencemos a Cristo, pertencemos
igualmente a Deus. Paulo está consciente de que Deus trabalhou na criação
através de Cristo para renovar e reconciliar todas as coisas. Enquanto
servidores e ministros, estamos unidos quando compreendemos que nosso
serviço começa em Cristo e está voltado para Deus que estabeleceu o único
fundamento da nossa fé e que está na origem da nossa unidade (oitavo
dia).
Os oito dias de oração nos convidam a refletir juntos enquanto igrejas
diferentes, a implorar a bênção de Deus uns para os outros e a buscar o
terreno no qual é possível crescermos juntos na unidade.
CELEBRAÇÃO ECUMÊNICA
Apresentação
O tema da celebração é: Cristo, único fundamento da Igreja.
A assembléia começa louvando a Cristo pela sua obra de salvação.
Esta oração está centrada no conjunto do texto de 1Co3, mas apenas aos
versículos 10-13 é dado destaque na liturgia da Palavra. As outras
leituras possibilitam desenvolver o tema da solidez e da qualidade da
construção da Igreja em Cristo, pedra angular e fundamento da nossa
unidade.
A caminhada penitencial e a oração de perdão foram colocadas após a
proclamação da palavra de Deus. Isso permite torná-las um elemento
essencial deste culto. Algumas assembleias preferirão deixá-la no lugar
tradicional. Essa parte tem o objectivo de levar cada comunidade a um
exame de consciência colectivo diante de Cristo (v.4), fundamento da
Igreja una: expressões de arrependimento, símbolos e testemunhos
contribuirão para isso.
Anunciamos juntos o Evangelho reconhecendo e partilhando os dons que o
Senhor concede às nossas Igrejas (v.5)? Aceitamos o papel complementar das
nossas Igrejas em algumas situações locais? Reconhecemos o primado de
Cristo de quem somos servidores?
Trabalhamos verdadeiramente juntos na obra de Deus (v.9)?
O símbolo aqui proposto é o de duas tábuas ou vigas de madeira que são
juntadas em uma simples cruz durante a celebração. O símbolo pretende
evocar, simultaneamente, as portas do inferno destruídas após a Páscoa de
Cristo e os materiais sólidos comummente utilizados para a construção de
uma casa. Depois que a cruz tiver sido colocada no chão, outros símbolos
-- de arrependimento, de expressão da nossa fé e da nossa pertença a
Cristo para edificação da sua Igreja -- poderão pouco a pouco ser
colocados junto dela (velas, grãos de trigo germinando, flores, desenhos
de crianças etc.)
Durante as intercessões, inspiradas em 1Co3, 1-23, a assembléia confia
a Cristo, único mediador, a obra dos cristãos e a diaconia das Igrejas no
mundo.
Desenvolvimento da celebração
I. Abertura da celebração
Palavras de boas-vindas
Caros irmãos em Cristo: Hoje, estamos aqui reunidos para dar graças a
Deus que nos chamou a buscar a unidade. Nós lhe agradecemos em nome de
todos aqueles que, nas diversas partes do mundo, aspiram e rezam pela
unidade dos cristãos. Nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, é
particularmente às Igrejas da Eslováquia que nos associamos na oração e na
meditação. Deus concedeu-lhes novas oportunidades de servir, de se
reconciliar e de receber os dons espirituais. Estimulados pelo seu
ministério, com os cristãos do mundo inteiro, refletimos sobre os
fundamentos da nossa fé comum que é Jesus Cristo, nosso Senhor.
Enquanto a oração tem início, duas traves de madeira serão depositadas
perto do altar. Elas nos recordam as portas do inferno quebradas por
Cristo e as da nossa vida nova nele. A madeira, material tradicional de
construção, nos convida também a refletir sobre o fato de sermos todos
chamados a construir e a promover a unidade entre os cristãos. Durante
esta celebração, nós reuniremos os dois pedaços de madeira formando uma
cruz em sinal do fundamento sobre o qual nós construímos: Jesus Cristo.
Saudação
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém.
Palavras de introdução
Quanto ao fundamento, ninguém pode lançar outro que não seja o já posto
Cristo (1 Co 3,11).
Oração de introdução
Rezemos juntos (breve silêncio):
Senhor, Deus vivo, nós te damos graças pelas obras magníficas que
completaste entre nós.
Nós te damos graças, particularmente, por teu filho Jesus Cristo que,
aceitando morrer na cruz, ofereceu-nos a salvação. Conserva-nos perto
dele, ao pé da cruz onde buscamos o reconforto e a alegria, a cura e a
sabedoria. Com todos os fiéis, em palavras e em ações, nós cantamos o
louvor, por Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina contigo e o
Espírito Santo, agora e pelo século dos séculos.
Amém.
Ação de Graças
L: Leitores: 1, 2
A: Assembléia
Após cada estrofe iniciada por “Eu” -- na qual o sujeito que fala é
Cristo --, à maneira de “impropérios”, a assembléia bendiz o nome do
Senhor. Em seguida, se dirige a ele em uma resposta cantada, formulada em
“nós”. Pode-se começar a leitura por: Assim fala o Senhor Jesus.
L1 Porque te amo, meu
povo, nasci em Belém.
Eu recebi o nome de Emanuel
Pois eu sou Deus contigo pelos séculos.
A Bendito sejas,
Senhor.
L2 Eu desci ao Jordão
onde fui batizado na água em sinal do batismo no Espírito que viria para
que toda carne seja purificada e renovada.
A Bendito sejas,
Senhor.
L1 Eu fui conduzido ao
deserto pelo Espírito para lá afrontar o tentador, vencê-lo e
te libertar das correntes.
A Bendito sejas,
Senhor.
L2 Eu proclamei a boa
nova do reino do Pai: reino de justiça e de misericórdia, de amor e de
verdade, de paz e de felicidade. Eu realizei os sinais dos novos tempos,
minhas mãos curavam os doentes, minha presença levava a paz.
A Bendito sejas,
Senhor.
L1 Eu te reuni,
pequeno rebanho, como a galinha reúne os seus pintainhos, como o pastor
reúne o seu rebanho. Eu quis te pôr nos ombros e te conduzir ao paraíso.
A Bendito sejas,
Senhor.
L2 Eu parti o pão e
servi o vinho novo para fazer aliança contigo e te dar a vida em
abundância. Eu pedi a Deus que a minha alegria esteja em ti.
A Bendito sejas,
Senhor.
L1 No madeiro da cruz
eu entreguei o espírito, morri pelo perdão dos pecados e para reunir os
filhos dispersos do Pai, e eu abri as portas dos infernos. No terceiro dia
eu ressuscitei dos mortos.
A Bendito sejas,
Senhor.
L2 De junto do Pai eu
derramo sobre ti o meu Espírito Santo.
Ele te lembrará de tudo o que eu te ensinei.
Ele é o sopro de vida.
Ele é luz e consolo, força do teu testemunho, inspiração da tua oração.
A Bendito sejas,
Senhor.
L1 Escuta, meu povo,
eu estou contigo todos os dias até o fim dos tempos, para que sejas um
como eu sou um com o Pai, a fim de que o mundo creia.
Escuta a minha voz, ó meu povo, e segue-me para que haja um só rebanho e
um só Pastor.
A Bendito sejas,
Senhor.
Hino da Assembléia (resposta cantada)
- Efésios 1,
- ou “Glória a Deus no mais alto dos céus”,
- ou “A ti a glória”,
- ou outro hino, de preferência alusivo a Cristo.
II. Liturgia da Palavra
Oração para antes das leituras bíblicas
Faz brilhar em nossos corações, Senhor amigo dos homens e das mulheres,
a pura luz do teu divino conhecimento. Abre os olhos do nosso espírito
para a compreensão da tua mensagem evangélica. Inspira-nos o respeito
pelos teus bem-aventurados mandamentos, a fim de que, reprimindo em nós os
desejos da carne, possamos conduzir uma vida segundo o Espírito,
orientando todas as nossas intenções e todas as nossas ações para o teu
prazer.
Pois tu és a luz das nossa alma e do nosso corpo, Cristo Deus, te damos
glória, com teu Pai Eterno e teu Espírito santíssimo, bom e vivificante,
agora e sempre, pelos séculos dos séculos.
- Leituras (opção 1 ou 2)
- Opção 1 Gn 28,10-17
- Opção 2 1Co 3,1-23
Sl 118,16-24 Sl 118,16-24
1Co 3,10-13
- Hino
- Evangelho: Mt 7, 24-27
- Homilia (ou depoimentos)
Recomendamos uma homilia breve.
- Hino (o ofertório pode ser durante este hino)
Confissão e perdão
Duas pessoas juntam as duas traves de madeira formando uma cruz.
Colocam a cruz no chão em um ponto do espaço cultual que seja bem visível.
Entre cada expressão de arrependimento, os membros da assembléia podem
depositar junto à cruz o símbolo que escolheram de Cristo fundamento da
Igreja: vela, flor, grãos de trigo, desenhos de crianças. O gesto de
colocar um símbolo junto à cruz expressa o nosso desejo de conversão e de
pertença renovada a Cristo para a edificação da Igreja una.
L1 Senhor, tu és paz e
reconciliação!
L2 Por ter
freqüentemente escolhido a inveja e a animosidade e não a confiança e a
estima entre Igrejas, perdoa-nos Senhor.
(silêncio – depositar um
símbolo junto à cruz)
L1 Senhor, tu nos
cumulas com as tuas bênçãos na unidade da fé!
L2 Por termos às vezes
escolhido fechar-nos em nós mesmos recusando-nos a conviver entre Igrejas,
sendo bênção para uns e outros, perdoa-nos Senhor.
(silêncio -- depositar um
símbolo junto à cruz)
L1 Senhor, tu deste
aos aflitos a alegria, aos cativos a liberação, aos pecadores o perdão!
L2 Por termos fechado
as mãos e desviado o rosto daqueles e daquelas que precisam de ajuda,
perdoa-nos Senhor.
(silêncio -- depositar um
símbolo junto à cruz)
L1 Senhor, tu nos
reuniste como o pastor reúne o rebanho e vai buscar a ovelha perdida!
L2 Por termos muitas
vezes nos afastado de ti e acentuado nossas divisões, perdoa-nos Senhor.
(silêncio -- depositar um
símbolo junto à cruz)
Podemos acrescentar aqui depoimentos de abertura ao ecumenismo que
tenham exigido uma real conversão pessoal e comunitária.
Oração de perdão
Deus todo-poderoso, ninguém pode estabelecer um fundamento diverso
daquele que foi estabelecido. Esse fundamento é Jesus Cristo. Nós
reconhecemos neste momento que não fomos capazes de construir sobre esse
fundamento de modo a tornar-nos uma construção de Deus. Às vezes fomos até
instrumentos de degradação. Ainda que a nossa obra tenha sido perdida,
salva-nos e dá-nos uma nova oportunidade de buscar a unidade. Faz-nos
desejar ardentemente a unidade da tua Igreja e dá-nos trabalhar por ela
com eficácia. Amém.
Troca de um sinal de Paz:
- A paz do Senhor esteja sempre convosco.
- E contigo também.
Irmãos e irmãs, desejem a paz uns aos outros.
Credo de Nicéia
III. Orações e intercessões
O apóstolo Paulo dirigiu esta Epístola aos cristão de Corinto para
encorajá-los. Possamos ter a mesma esperança que a Igreja de Corinto
quando rezamos pela Igreja de Deus e por todos os homens. Deus santo e
eterno, nós te agradecemos por chamar cada um de nós pelo nome. Em ti nós
vivemos, agimos e crescemos. Rezamos pelas Igrejas e pelos cristãos do
mundo inteiro.
Lembrai-nos do nosso fundamento em Cristo. Faz que vivamos sempre mais
na fé e no amor até chegarmos à unidade que tu queres.
Reúne-nos todos em Cristo.
Faz de nós a tua morada.
Difunde sobre nós o teu Espírito para que conheçamos Jesus Cristo e
possamos dar testemunho da nossa vida e da nossa unidade nele. Possamos
conhecer seu espírito de modo a proclamar a sabedoria de Deus no mundo
inteiro. Confirma-nos na nossa ação em favor da paz e da reconciliação na
Igreja e na sociedade.
Reúne-nos todos em Cristo.
Faz de nós a tua morada.
Nós rezamos pelas Igrejas da Eslováquia e por todas aquelas que
atravessam um período de mudança, quer esta implique em crescimento ou
dificuldades, reconciliação ou conflitos.
Inspira-os e confirma-os no testemunho e no serviço.
Reúne-nos em Cristo.
Faz de nós a tua morada.
Nós rezamos por aqueles que não têm abrigo, não têm país, não têm
alimento, não têm trabalho, não têm medicamento, não têm paz. Que possamos
reconhecer e servir Cristo através daqueles que sofrem e passam
necessidade.
Reúne-nos em Cristo.
Faz de nós a tua morada.
Nós te damos graças por todos os dons da criação. Ensina-nos a
partilhar com os outros o nosso tempo, a nossa energia, os nossos recursos,
o nosso amor. Torna-nos mais sensíveis e atentos diante das feridas da
família humana e da criação. Que possamos ser fiéis à nossa missão e viver
longo tempo na terra. Que possamos fazer de toda a nossa vida um dom a
Cristo pois a ele pertencemos e é nele que se unem todas as coisas da
terra e do céu. Amém.
(Os participantes são convidados a propor intercessões referentes ao
contexto da própria vida e à experiência pessoal).
Pai-nosso (cada qual na língua materna)
IV. Bênção e envio da assembléia
Bênção (bênção de Araão):
Que o Senhor nos abençoe e nos guarde! Que o Senhor faça brilhar sobre
nós o seu olhar e nos dê a paz! Amém.
Envio
- Ide na paz de Cristo.
- Demos graças a Deus.
REFLEXÕES BÍBLICAS E ORAÇÕE PARA OS OITO DIAS
Primeiro Dia Chamados à maturidade espiritual (1Co 3,1-4)
- Os 2,21-25 Eu direi a Lo-Ami: “Tu és meu povo”.
- Sl 24 Quem subirá à montanha do Senhor?
- Cl 1,25-28 O mistério mantido escondido no decurso das idades.
- Jo 15,1-8 Eu sou a vinha, vós sois os sarmentos.
Meditação
Na epístola à comunidade cristã de Corinto, onde havia desempenhado um
papel importante estabelecendo os fundamentos da fé, Paulo chama com
fervor os coríntios à maturidade espiritual. Ele louva os dons que Deus
concedeu a essa comunidade, mas ao mesmo tempo menciona os rumores de
divisão que chegaram até ele, resumindo: Eu pertenço a Paulo, eu a Cefas,
eu a Apolo. Paulo pergunta, agora incisivamente: Cristo está dividido?
No Antigo Testamento existe uma tradição judaica que deseja que Deus dê
a um povo o nome correspondente à sua natureza espiritual a fim de poder
chamá-lo à fidelidade e à conversão. Assim, Paulo define os coríntios como
homens carnais, crianças em Cristo, lamentando não poder falar-lhes, no
momento, como a homens espirituais. Ele considera imatura a preocupação
deles de fidelidade e não conforme o espírito de Cristo. As palavras de
Paulo são bruscas, não porque o comportamento dos coríntios seja
particularmente mesquinho, mas porque contrasta fortemente com a grandeza
e a origem divina da vocação cristã, pois são o templo de Deus onde habita
o Espírito de Deus. Eles pertencem a Cristo e nele receberão todas as
coisas. Esta identidade em Cristo comporta uma missão: com Paulo, eles
devem tornar conhecido o mistério mantido escondido no decurso dos séculos;
eles devem anunciar esse mistério proclamando a grande ação redentora de
Deus em Cristo e contribuindo com o próprio testemunho através de uma vida
transformada.
É preciso lembrar que em Corinto as divisões estavam ligadas aos
conflitos a respeito da acolhida da pregação dos Apóstolos: Eu pertenço a
Paulo, eu a Apolo, eu a Cefas. Podemos ver aqui o prelúdio das divisões
que, ao longo da história, feriram a nossa unidade em Cristo construída na
fé dos Apóstolos. É, de fato, tentando aprofundar o conhecimento da fé da
Igreja primitiva que hoje os cristãos se esforçam para reencontrar a
unidade. A questão de Paulo é sempre atual: Cristo está dividido?
Maturidade espiritual significa, em parte, saber recuperar e encarnar a
unidade que nos é dada em Cristo. Em que medida a nossa desunião deriva do
fato de não termos ainda chegado a uma certa maturidade na fé e a não
percebermos ainda toda a grandeza da visão cristã? De que modo nossa
desunião nos impede de prosseguir na missão de salvação e de reconciliação
de Cristo em um mundo partido e sofredor?
Oração
Deus de misericórdia, tu nos chamas sem cessar a crescer
espiritualmente. Queres que pertençamos a ti. Abre nosso coração e nosso
espírito à grandeza do teu apelo e ajuda-nos a perseverar no caminho da
unidade -- em comunhão com Paulo, Apolo e Cefas -- proclamando e nos
engajando no serviço da tua obra redentora no mundo.
Segundo dia Deus faz crescer 1Co 3,5-9
- Gn 1,26-2,9 O Senhor Deus planta um jardim em Éden.
- Sl 104 (103), 24-31 Tu renovas a face da terra.
- Rm 8,14-25 A criação espera com impaciência a revelação dos filhos
de Deus.
- Lc 8,4-15 Produzem frutos aqueles que compreendem a palavra.
Meditação
Para falar às pessoas de Corinto, Paulo utiliza a imagem, familiar para
elas, da plantação e do crescimento. É uma imagem rural tomada para
ilustrar a ação de Deus que age diretamente entre eles e suscita
servidores que vão cooperar com a sua obra.
Como os coríntios, nós somos convidados a ser instrumentos, servidores,
ouvintes fiéis que devem prestar contas de como desempenham esse serviço.
É uma tarefa eminente estar nesse serviço e investido da responsabilidade
do trabalho que se desenvolve para glória de Deus. Nós devemos oferecer
nossos talentos Àquele que servimos; colocar as nossas competências no
único fundamento que é Cristo a fim de construir um edifício a serviço do
amor. Deus criou o mundo bom. Vemos isso no primeiro capítulo do Gênesis.
Os humanos não souberam desempenhar o próprio papel. Nós destruímos esse
mundo perfeito. Por isso somos chamados a exercer no mundo um ministério
de cura. Esse ministério nos une. Ele comporta numerosos aspectos que
transcendem as barreiras confessionais e culturais. O mundo está ferido,
como o viajante estendido na estrada de Jerusalém a Jericó. Nós não
devemos ter medo de tocar o que está destruído no nosso mundo. Deus quer
curar por nosso intermédio. A criação espera com impaciência que a cura
venha de Deus.
Na unidade buscada, os cristãos podem trocar as próprias experiências
para demonstrar que, além de “Paulo e de Apolo”, eles são de Cristo.
Apenas ele pode fazê-los crescer no amor do Pai, a serviço do Espírito de
santidade e de unidade que quer salvar o mundo.
Oração
Ó Deus! Nós te agradecemos pela confiança e pela bênção que ofereces
àqueles que trabalham para a vinda do teu reino ao mundo.
Ajuda-nos a descobrir novas possibilidades de manifestar a tua ação no
serviço daqueles que nos cercam; que nós sirvamos mais do que buscamos ser
servidos, e que o teu poder de cura aja entre nós. Mantém-nos unidos como
uma só família do teu Filho único, faz que sejamos fiéis tesoureiros da
tua criação a fim de que, através de homens e mulheres, pequenos e grandes,
coisas e pessoas, tu sejas reconhecido como vivo e verdadeiro, salvador e
criador de tudo. Amém.
Terceiro dia Cristo é o fundamento (1Co 3,10-11)
- Is 28,14-16 Eis que firmo em Sião uma pedra, uma pedra a toda prova,
uma pedra angular preciosa, estabelecida para servir de fundação.
- Sl 118 (117),16-24 A pedra rejeitada tornou-se a pedra angular.
- Ef 2,19-22 Jesus Cristo como pedra mestra.
- Mt 7,24-27 A casa construída sobre a rocha não desabará.
Meditação
Em Cristo, Deus colocou, por obra do Espírito Santo, o fundamento comum
a todos os batizados. Os cristãos podem, então, afirmar a sua fé em Cristo,
único fundamento sobre o qual a Igreja de Deus está construída. Ninguém
pode ali colocar um outro; por isso os cristãos confessam, juntos, que o
que Deus realizou em Cristo é o fundamento sobre o qual está construída a
sua fé. Esta convicção é fonte de gratidão e de humildade.
No esforço de enraizar-se nesse único fundamento, os cristãos devem
continuamente fazer face às vozes que contradizem e rejeitam o Cristo.
Nessas circunstâncias, os cristãos são chamados a ser fermento na
sociedade, confiando na ajuda da graça de Deus. Assim, diante das
provações, não devem nunca vacilar. Como Jesus que foi rejeitado, também
os seus discípulos devem estar prontos para passar pelos mesmos
sofrimentos.
Apoiando-nos no fundamento que o Cristo e o seu ensinamento representam,
nós podemos enfrentar os desafios da sociedade contemporânea. Enquanto
cristãos, não tememos utilizar, como ponto de partida do nosso testemunho
no mundo, o que outros consideram inútil.
Os cristãos estão convencidos de que construir sobre o fundamento
sólido e comum que é Cristo, significa trabalhar juntos partindo do mesmo
ponto e se dirigindo para o mesmo fim, isto é, a unidade de todos os
discípulos de Cristo.
O que Jesus Cristo representa para nós define antecipadamente, de modo
único e profundo, o caráter de toda atividade que nós empreendemos juntos
e separadamente. A potência do amor de Cristo nos enche da esperança de
que tudo o que nós criamos em seu nome está destinado a durar e a
sobreviver no meio das dificuldades, pois Cristo é o começo e o fim.
Oração
Senhor, nosso Deus, através da obra do Espírito Santo tu estabeleceste
em Cristo o único fundamento sobre o qual a Igreja está construída. Nós te
agradecemos por tudo o que, em Cristo, fizeste em nosso favor. Nós te
agradecemos também por sustentar continuamente a Igreja contra todas as
tentativas que visam a sua destruição. Ajuda-nos, pela tua graça, a
construir sobre o fundamento que tu colocaste em Cristo nosso Senhor. Amém.
Quarto dia Construamos sobre esse fundamento (1 Co 3,12-13)
- Ne 2,17-18 Vamos reconstruir a muralha de Jerusalém.
- Sl 127(126) Se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham os
que a constróem.
- 1 Co 12,4-11 Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
- Mt 20,1-16 Um senhor de casa saiu de manhã muito cedo, a fim de
contratar operários para a sua vinha.
Meditação
Cristo é o dom de Deus para o mundo. Nele são reveladas a salvação e a
libertação de toda a humanidade. Ele é o fundamento e fonte da vida nova
que Deus nos deu. Esse dom de Deus é completo. Nós nada precisamos
acrescentar a ele. Entretanto, isso não significa que devemos permanecer
passivos e desinteressados. Paulo nos exorta a construir sobre as
fundações. Ele ressalta qual é a nossa vocação e como devemos a ela
corresponder. Nós somos chamados a participar da obra de renovação que
Deus empreendeu e a trabalhar na sua casa.
Deus nos deu diferentes dons (1Co12). Devemos utilizá-los para uma só
finalidade: glorificar Cristo e o poder da sua paz. Pelo nosso trabalho,
devemos testemunhar o amor de Deus e a nossa união em Cristo.
Entretanto, se consideramos a história das Igrejas, percebemos que tudo
o que é feito em nome de Cristo não é forçosamente “imagem de Cristo”. Às
vezes, Cristo e a sua reconciliação foram eclipsados pela arrogância,
divisões e luta pelo poder. “Construir a Igreja” não significa levantar
barreiras confessionais uns contra os outros ou construir nossos próprios
“monumentos”.
Hoje, as Igrejas devem ensinar a construir pontes e a colaborar. Assim,
testemunharão a esperança e o fruto da própria unidade em Cristo. As
velhas feridas podem ser curadas e novos desafios do nosso mundo em
mudança podem ser enfrentados juntos, cada qual respeitando as tradições e
os dons do outro. O fundamento comum em Cristo faz de nós irmãos e irmãs.
Ele é a base sobre a qual deve ser construída a única e verdadeira Igreja
de Cristo, plena de amor pelos pobres, pelos marginalizados, e por aqueles
que se dirigem a Deus e à esperança da vinda do seu Reino. A reconciliação
de Deus nos compromete, individualmente e enquanto Igrejas, a ser pedras
vivas da nossa unidade em Cristo. Assim, nosso fundamento em Cristo
aparecerá de modo sempre mais evidente.
Oração
Senhor, nós te damos graças pelo dom único da vida e da paz que tu nos
dás através de teu Filho Jesus Cristo. As nossas Igrejas receberam de ti
numerosos e diversos dons. Ajuda-nos a ver esta diversidade como um
enriquecimento que nos permite construir a tua casa no mundo. Faz que
possamos mostrar o que salva a nossa unidade e nos ajudará a levar o teu
amor aos homens e às mulheres com quem convivemos. Amém.
Quinto dia Deus julga os nossos esforços de construtores (1Co3,13-15)
- Gn 4,2 Sou eu o guardião do meu irmão?
- Sl 51 (50), 1-4,9-13 Pequei contra ti, e só contra ti.
- Fl 2,1-5 Considerai os outros superiores a vós.
- Mt 25,14-30 Um homem chamou os seus servos e lhes confiou os seus
bens.
Meditação
É um eterno milagre que Deus, desde todos os tempos, tenha desejado e
precisado que os homens participem com ele da obra que ele realizou no
mundo. Ainda que o fundamento seja Jesus Cristo, nós devemos continuar a
assumir o nosso dever de construtores.
Explicando isso aos cristãos de Corinto, Paulo insiste igualmente no
fato de que Deus colocará à prova o que nós construímos: ele deve
certificar-se de que somos bons arquitetos. Nossa salvação não depende das
nossas obras mas permanecemos responsáveis pelas nossas ações diante de
Deus. Para Paulo tudo isso era função do fogo purificador do juízo final
que ele pensava estar iminente. No que nos concerne, estamos sempre na
urgência -- cada oportunidade poderia, de fato, ser a última -- e nós
compreendemos que seremos julgados a partir do bom uso que faremos dos
dons que Deus nos concedeu para construir o seu reino. Os cristãos da
Eslováquia sentem particularmente a urgência de se descobrir novas
possibilidades que, enquanto cristãos, desejam poder oferecer à comunidade.
Nós somos todos responsáveis pelos nossos atos, diante de Deus e do
nosso próximo. De fato, as Igrejas também são responsáveis umas pelas
outras no que se refere à busca da unidade.
Elas são como os servidores da parábola aos quais o senhor confia os
próprios bens e pede que deles façam bom uso. Nós todos recebemos um
tesouro: a vida do nosso frágil planeta, irmãos e irmãs, de quem cuidar em
todo o mundo, a preciosa nova do Evangelho para difundir. Esses bens são
oferecidos a todo o povo de Deus e uma oportunidade de partilha com os
demais, de aprendizagem dos nossos sucessos e fracassos. A nossa
capacidade de trabalhar bem e de construirmos juntos, ainda hoje é
colocada à prova.
Oração
Senhor, vindo a nós pelo teu Filho Jesus e manifestando-se através de
pessoas falíveis, tu te mostrastes aos nossos olhos como um Deus
vulnerável. Nós te damos graças pela confiança que colocaste no serviço e
no trabalho que realizamos para construir o teu reino. Faz que
permaneçamos atentos à tua vontade e aos teus desígnios e esclarece-nos a
fim de que possamos ver as verdadeiras necessidades das pessoas ao nosso
redor. Faz que sejamos capazes de aprender uns dos outros a fim de
permanecermos unidos na nossa mútua responsabilidade e devotados ao
serviço do teu reino. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
Sexto dia Vós sois o templo de Deus (1Co3, 16-17)
- Gn 1, 26-27 Deus cria o homem à sua imagem e semelhança.
- Sl 8 Quem é o homem?
- 1 Pd 2,9-10 O povo de Deus.
- Mt 16, 24-27 Se alguém quer vir em meu seguimento.
Meditação
A questão da identidade não é um assunto novo. Os seres humanos sempre
tentaram compreender e viver o que são de fato e o que consideram que
devem ser. Hoje, que vivemos em um mundo caracterizado por mudanças
constantes e um pluralismo difuso, a busca de uma identidade própria
tornou-se uma questão de crescente importância. Nós somos confrontados com
esse problema não apenas enquanto pessoas, mas também enquanto comunidade
e Igrejas. Tentamos encontrar a nossa própria identidade naquilo que nos
distingue dos outros e nos torna únicos. Aquilo que o apóstolo Paulo, há
dois mil anos, dizia aos cristãos de Corinto, é igualmente válido nos
nossos dias. Devemos tratar o problema da identidade a partir de uma outra
perspectiva: nós não somos “especiais” porque somos diferentes uns dos
outros, mas porque recebemos o dom o Espírito Santo, dom presente em todo
ser humano. pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus.
Nós somos o templo de Deus, sagrado e digno. Ninguém tem direito de
destruí-lo. Somos aqueles entre os quais Deus quer sentir-se em casa -- um
lugar onde mora o seu Espírito de bondade. Deus deseja entrar em comunhão
conosco, o que indica e exige que estejamos em comunhão uns com os outros.
Esse apelo à comunhão ultrapassa os limites das nossas comunidades cristãs,
o escândalo das nossas divisões enquanto Igrejas cristãs é intensificado e
exige de modo imperativo que o ultrapassemos.
As diferenças também fazem parte da nossa identidade, pois vivemos em
situações e culturas diferentes, somos homens e mulheres marcados pelas
nossas experiências pessoais particulares e pela história das comunidade
nas quais vivemos. Mas onde quer que vivamos, quaisquer que sejam os
desafios que devemos enfrentar ou os talentos que recebemos, somos unidos
pelo Espírito Santo que nos concede viver como Deus deseja e como isso nos
foi revelado em Jesus Cristo: santos, capazes de oferecer e de receber
amor.
Oração
Deus eterno, tu criaste o céu e a terra, criaste o ser humano à tua
imagem dando a cada um de nós identidade e dignidade próprias. Nós te
damos graças pelo dom da vida -- desta vida que nos une a ti e à tua
criação. Ajuda-nos, enquanto cristãos e enquanto Igrejas, a receber esse
dom em toda a sua plenitude a fim de que possamos superar tudo quanto
entrava ou reduz teu dom de vida. Cumula-nos do teu Espírito de bondade a
fim de que possamos crescer em Cristo e tornar-nos a imagem dele no mundo.
Amém.
Sétimo dia Loucura e sabedoria: a vida em Cristo (1Co 3,18-20)
- Jó 32,7-33:6 É o sopro, o hálito do Poderoso que dá entendimento.
- Sl 14(13),1-7 O Senhor se inclinou para os homens, para ver se há
alguém erspicaz que busque a Deus.
- 1 Co1,17-30 O que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir
os sábios.
- Mt 10,17-25 É o Espírito do vosso Pai que falará em vós.
Meditação
A democracia e a liberdade nos trazem muitas vantagens, mas também
tentações. Isso é verdadeiro tanto para os indivíduos como para as Igrejas.
Nos países de antiga tradição cristã, as Igrejas freqüentemente foram
tentadas pelo acesso ao poder ou pelo uso incorreto deste.
Conseqüentemente, o seu testemunho revelou-se menos portador da Palavra de
Deus que das suas concepções humanas. Hoje, nós poderíamos ainda ser
tentados quer a apoiarnos nas relações de poder e nas vantagens que pode
trazer a pertença à maioria, quer a abandonar os debates das nossas
sociedades, com freqüência fúteis. Ora, enquanto Igrejas, recebemos o
mandamento de testemunhar que há um fundamento comum para a vida do mundo,
Jesus Cristo e a sua palavra, e que nada pode mudar isso.
Os profetas ressaltaram que não proclamavam as próprias palavras,
pensamentos ou posições, mas uma palavra recebida de Deus. Jó escuta lhe
dizerem ser necessário buscar a sabedoria além das próprias reservas, no
sopro de Deus.
O apóstolo Paulo bebeu na fonte dessa sabedoria para proclamar a todos
o Senhor Jesus Cristo crucificado. Ele diz ter decidido querer saber
somente Jesus Cristo. Para a mensagem do evangelho de Cristo crucificado,
estava pronto a passar por louco aos olhos dos sábios do seu tempo. Ele
escreve aos cristãos de Corinto que a sabedoria de Deus é oferecer a
salvação “pela loucura da pregação”: Cristo crucificado. Era um escândalo
e uma loucura para as pessoas daquele tempo. Mas Paulo diz que a loucura
de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e que a fragilidade de Deus é
mais sólida que a força humana. O Cristo que os Evangelhos nos mostram não
age como um herói mas como aquele cujo poder não é deste mundo. Ele
debruça sobre os que foram entregues à própria sorte, toca os moribundos,
perdoa os pecados, conduz para onde os justos e os piedosos não vêem
nenhuma possibilidade de perdão. Eis o Deus que desceu até a poeira dos
caminhos humanos.
A palavra da cruz foi confiada também a nós, cristãos de hoje. Entre as
nossas Igrejas separadas pela loucura dos homens, a acolhida da unidade
pode parecer um projeto insensato: no coração de um mundo dividido,
assassinado por guerras e violência, a busca de paz e de reconciliação
permanece sendo a única sabedoria. À luz da cruz se desenha o fundamento
do nosso testemunho comum. Com Cristo, Deus se debruçou sobre a humanidade
e nos envia para aqueles que o buscam através desta proclamação: o caminho
da vida passa por Cristo crucificado e ressuscitado.
Oração
Deus pleno de sabedoria e de verdade.
Tu nos fizeste conhecer a loucura do teu amor quando os humanos
crucificaram Jesus, teu filho único; quando tu o ressuscitaste como Cristo,
nós reconhecemos tua imensa sabedoria.
Nós te pedimos: mantém-nos no seguimento de teu Filho, no estreito
caminho de vida.
Dá-nos proclamar a boa nova da salvação pela cruz de Jesus Cristo que
testemunha a Vida por todos. Que a tua Igreja hoje permaneça fiel Àquele
que é o seu fundamento e que ela abra todas as nações à sabedoria do teu
Espírito. Amém.
Oitavo dia Vós sois de Cristo (1Co3,21-23)
- Is 44,1-8 Eu sou o primeiro e o último.
- Sl 89(88), 1-4 Tua bondade está edificada para sempre.
- Ap 4,1-11 Eles adoravam o que vive pelos séculos dos séculos.
- Mc 9,33-35 Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos
Meditação
Nós pertencemos a Cristo. Somos dele e de ninguém mais. Sobre isto se
funda a nossa unidade: pelo batismo, Cristo reivindicou-nos e fez-nos um,
nele. A unidade pela qual participamos de Cristo é maior que todas as
diferenças passadas e presentes que hoje dividem as nossas Igrejas.
Nós pertencemos a Cristo e pertencemos uns aos outros e somos
responsáveis uns pelos outros. Por isso Cristo nos chama juntos para
edificarmos o seu corpo, que é a Igreja, como companheiros de trabalho e
servidores fraternos. Por isso os cristãos e as Igrejas são chamados a
viver e a trabalhar juntos, como irmãos, testemunhando a própria fé e
trabalhando no serviço das pessoas que passam necessidade. Eis porque as
divisões, as discórdias, as querelas e as facções que nascem ao redor de
pessoas (quer estas se chamem Paulo, Apolo ou Cefas), todas essas fraturas
rejeitam não apenas nossos irmãos e irmãs em Cristo mas o próprio Cristo.
Enquanto templo de Deus, a igreja é um lugar de oração e orar juntos é
a mais poderosa expressão da nossa pertença comum a Cristo. Cada oração
comum é uma vitória sobre as nossas divisões e celebra a nossa real
unidade em Cristo. Nós nos unimos a todos aqueles que -- pouco importa o
lugar e a época - pertencem ou pertenceram a Cristo e em espírito
veneraram o Senhor. Nós não agimos sempre de acordo com a unidade que
Cristo nos deu.
Quando não podemos orar juntos, particularmente ao redor da Mesa do
Senhor, nossa desunião fica evidente para todos. É por isso que todas as
Igrejas sem exceção ainda têm muito para “construir”.
Por sermos de Cristo, nós somos de Deus. Paulo o afirma com audácia:
“tudo é para vós”.
Com os nossos companheiros de trabalho e nossos irmãos no serviço,
nossa vida e nossas ações fazem parte do plano de Deus para toda a criação.
Deus realiza a sua obra no mundo para a salvação e a cura daqueles que
sofrem, para a reconciliação daqueles que estão em guerra, para a
renovação de toda a criação. Deus nos julga com equanimidade: sabemos que
o que edificamos é posto à prova e que o resultado das nossas ações se
manifestará.
Vivemos por antecipação o balanço final das nossas ações. Não sabemos
exatamente quando nem como acontecerá esse julgamento, mas sabemos que o
nosso juiz será Deus, que é vida e bondade.
Louvamos a Deus e lhe damos graças pelas riquezas da criação e pela
redenção que ele nos oferece, ele que pelo seu Espírito nos une em Cristo.
Podemos oferecer nossa edificação comum de Igreja do Cristo, nossa busca
da unidade como louvor à glória de Deus.
Oração
Senhor, Deus de bondade, nós te damos graças por nos terdes feito um em
Cristo. Reforça e nossa imaginação e a nossa coragem para que possamos
construir juntos a tua Igreja na unidade e no amor. Faz que as nossas
vidas e a vida das nossas Igrejas sejam um testemunho do teu amor por nós
e por toda a criação. Senhor, dá-nos, desde agora, a unidade. Amém.
ORAÇÕES SUPLEMENTARES DA TRADIÇÃO ESLOVACA
Oração de São Cirilo na aproximação da sua morte
Senhor Deus, tu que criaste o coro dos anjos e todas as potências
celestes, tu que levastes todas as coisas do não-ser para a vida, escutas
sempre as orações daqueles que fazem tua santa vontade e, no temor de ti,
respeitam os mandamentos:
Escuta, Senhor, minha humilde oração: protege o rebanho dos fiéis que
confiaste a mim, que sou teu humilde e indigno servo. Livra-os da malícia
ímpia e pagã daqueles que blasfemam contra ti, destrói a heresia das três
línguas, faz crescer a tua Igreja e conserva-a fortemente unida.
A escolha destas orações foi feita e apresentada pelo grupo local.
São Cirilo, nascido na Macedônia, de origem grega e eslava, traduziu as
Escrituras para o eslavo, a língua do povo. A súplica das “três” línguas
se refere à heresia devida ao fato de que apenas o hebreu, o grego e o
latim podiam ser utilizados como línguas litúrgicas.
Une o teu povo na profissão da fé, inflama o coração dele pela verdade
da tua Palavra. Tu nos concedeste uma graça imensa chamando-nos para
proclamar o Evangelho de Cristo e o teu povo está pronto para concluir a
tua obra de bondade.
Eu coloco nas tuas mãos os que me confiaste -- guia-os com tua poderosa
mão direita e protege-os para que todos cantem o teu louvor e glorifiquem
o teu santo nome Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Oração de Natal
Pai celeste, fonte de toda bondade, nós de damos graças pois na tua
misericórdia nos conduziste a rememorar o dia glorioso do nascimento de
teu Filho e nos concedes vê-lo com os olhos da nossa fé.
Que imensa alegria! Nascido para nós, ricos ou pobres, ele nos oferece
dons maravilhosos.
Ele se fez Filho do homem para que nos tornemos filhos e filhas de
Deus.
Deus eterno, que o firmamento cante o teu louvor e que a paz na terra nos
seja concedida.
Jesus Cristo, nosso Salvador, como podemos te dar graças pelo teu amor
infinito?
Acolhe o louvor reconhecido dos nossos corações! Ilumina-nos com o teu
Espírito Santo para que não esqueçamos que é pela graça de Deus que somos
salvos e ajuda todos os homens e mulheres a rejeitar as paixões ímpias
deste mundo. Assim, seremos transformados e nossas vidas serão retas e
cumuladas pela tua presença. Amém.
Juraj Tranovský (1592-1637), pastor luterano de Liptovský Mikulás,
compositor de numerosos cânticos luteranos utilizados até 1991 pela Igreja
luterana da Eslováquia).
Cântico da manhã
Deus, nosso Pai, nós nos erguemos para dizer
Que teu nome seja louvado neste novo dia.
Para que tenhamos saúde e força se elevam as nossas preces,
Concede-nos todos os dons bons e perfeitos.
Ó Filho de Deus, nós te imploramos:
Que tudo o que desejamos, proclamamos e realizamos
Seja sempre agradável aos teus olhos
E realizado para tua e nossa alegria.
Ó Espírito Santo de Deus, preserva do medo
Todos os que vivem no sofrimento e na dor,
E quando o dia entre os dias estiver em seu poente
Coroa nossas vidas de resplandecente glória.
Oração da tradição católica:
Anima Christi -- Alma de Cristo
Ladainha do Sagrado Coração de Jesus
SITUAÇÃO ECUMÊNICA NA ESLOVÁQUIA
A Eslováquia é um novo estado povoado por antigas etnias nacionais. Os
5,3 milhões de habitantes da República Eslovaca são na maioria eslovacos
(86%). Os húngaros constituem a mais importante etnia minoritária (11%) e
estão concentrados nas regiões situadas ao Sul e ao Leste do país. A
Eslováquia, nessa parte da Europa é, proporcionalmente, a nação mais
populosa do Rom, estimada em aproximadamente 500.000 pessoas. Outros
grupos étnicos estão igualmente presentes, como os tchecos, os rutenos, os
alemães e os poloneses. Os imigrantes mais recentes, às vezes sem-papéis,
em sua maioria são originários dos países mais pobres da Europa do Leste.
Os grupos formados por imigrantes russos, ucranianos, sevos e búlgaros
concentram-se nas cidades mais importantes.
Nesta região, o cristianismo foi introduzido durante o século IX,
graças à atividade missionária dos santos Cirilo e Metódio, inicialmente,
na forma oriental. Do século XI até o início do século XX, o território
eslovaco atual foi dominado pelos húngaros, tornando-se assim católico na
sua maioria. A renovação nacional eslovaca foi lançada no século XIX por
intelectuais desejosos de revitalizar a língua e a cultura eslovacas.
Esta descrição da situação ecumênica na Eslováquia foi preparada pelo
grupo de preparação local e é publicada sob sua responsabilidade.
A aspiração dos tchecos e dos eslovacos de se libertar do Império dos
Habsburgos será satisfeita quando da formação da República tcheca, em
1918, após a Primeira Guerra Mundial. Em 17 de novembro de 1989 começam
uma série de manifestações públicas -- a famosa “Revolução de Veludo” --
que conduzirão à queda do regime comunista na Tchecoslováquia. Em 1992, as
negociações pela nova constituição federal enfrentam um impasse a respeito
da questão da autonomia eslovaca, mas no final de 1992, é pacificamente
concluído um acordo para separar a Tchecoslováquia em duas: a República
Tcheca e a República Eslovaca.
As condições socioeconômicas da República Eslovaca permanecem precárias,
embora, em geral, melhores se comparadas às do países vizinhos situados ao
Leste da Eslováquia. Após as importantes eleições legislativas de 2002 que
marcam o fracasso dos partidos nacionalistas, a Eslováquia coloca a sua
candidatura a membro da OTAN e da União Européia. A candidatura é aceita.
A entrada da Eslováquia nessas duas organizações influenciará fortemente o
desenvolvimento futuro do país.
Em nível nacional, a taxa de desemprego é superior a 15% e em algumas
regiões ultrapassa 30%. As pessoas mais ameaçadas são, naturalmente, as
que estão há mais tempodesempregadas. Os Roms, as famílias monoparentais,
as crianças e as famílias numerosas também são categorias vulneráveis
expostas ao risco da pobreza. Dada a precariedade da sua situação social e
sanitária, a população Rom tem uma esperança de vida inferior a 15% em
relação à média dos demais habitantes eslovacos.
Na Eslováquia, as formas organizadas de ecumenismo nasceram nas Igrejas
protestantes, cujo objetivo era fazer valer os seus interesses em relação
à maioria católica. Em 1927 foi fundada a União das Igrejas evangélicas da
Tchecoslováquia (a Eslováquia foi membro de 1918 a 1993). No interior
desta União nasceram os primeiros contatos com o movimento ecumênico
internacional ainda muito jovem.
Os representantes de algumas Igrejas tinham adquirido consciência
significativa da importância do movimento que começava a se desenvolver na
Europa e no mundo todo após a Segunda Guerra Mundial. Era claro para eles
que a mensagem do Evangelho devia unir, não separar as Igrejas. Em 20 de
junho de 1955 foi fundado o Conselho Ecumênico das Igrejas da
Tchecoslováquia. Este organismo tinha, entre outros objetivos, permitir
que as Igrejas se expressassem publicamente sobre a situação social
instaurada na Tchecoslováquia. Foi um período de restrições para a vida e
o serviço das Igrejas, e de perseguições para as pessoas ativamente
engajadas na vida da Igreja. Paralelamente, tornava-se necessário
estabelecer a colaboração com as Igrejas dos países vizinhos. A tarefa
desse Conselho Ecumênico foi, então, pôr em prática as idéias do movimento
ecumênico no território tcheco.
O ano de 1989 e a chegada da democracia trouxeram novo elã para a
tarefa de todas as Igrejas. A obra de renovação da Igreja podia recomeçar.
A mudança das condições de vida no país teve por conseqüência a
transformação da missão e dos objetivos do movimento ecumênico.
Após a divisão da Tchecoslováquia em dois estados diferentes, a
atividade do novo Conselho Ecumênico das Igrejas da Eslováquia tem início
por ocasião da sua primeira assembléia, em 15 de abril de 1993. Este
reagrupa no seu interior as Igrejas ativas da República Eslovaca.
Atualmente, onze Igrejas são membros do Conselho, três na condição de
observadoras. Os membros integrais são a Igreja evangélica de Confissão de
Augsburgo na Eslováquia, a Igreja reformada na Eslováquia, a Igreja
ortodoxa da Eslováquia, a Brethren Church da Eslováquia, a Igreja
evangélica Metodista do distrito eslovaco, a Igreja tchecoslovaca hussita
na Eslováquia, a União batista da República Eslovaca e a Igreja
vetero-católica da Eslováquia. Os observadores são as Igrejas católica e
greco-católica, a Igreja apostólica da Eslováquia e a Igreja adventista do
sétimo dia.
ALGUMAS DATAS IMPORTANTES NA HISTÓRIA DA
1740 Na Escócia, nascimento de um movimento pentecostal com ligações na
América do Norte, cuja mensagem para a renovação da fé convida à oração
com e por todas as Igrejas.
1820 O Reverendo James Haldane Stewart publica: “Conselhos para a união
geral dos cristãos, em vista de uma efusão do Espírito” (Hints for the
outpouring of the Spirit).
1840 O Reverendo Ignatius Spencer, um convertido ao catolicismo romano,
sugere uma “União de oração pela unidade”.
1867 A primeira Assembléia dos bispos anglicanos em Lambeth, na introdução
às resoluções, insiste na oração pela unidade.
1894 O Papa Leão XIII encoraja a prática de um Oitavário de Oração pela
unidade no contexto de Pentecostes.
1908 Celebração da “Oitava pela unidade da Igreja” por iniciativa do
Reverendo Padre Paul Wattson.
1964 O Decreto sobre o Ecumenismo, do Concílio Vaticano II, sublinha que a
oração é a alma do movimento ecumênico, e encoraja a prática da Semana de
Oração. Em Jerusalém, o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I rezam
juntos a oração de Cristo “que todos sejam um” (Jo 17).
1966 A Comissão “Fé e Constituição” e o Secretariado para a Unidade dos
Cristãos (hoje Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos)
da Igreja Católica decidem preparar juntos o texto para a Semana de Oração
de cada ano.
1966 Pela primeira vez, a “Oração pela Unidade” é celebrada com base nos
textos elaborados em colaboração entre “Fé e Constituição” e o
Secretariado para a unidade dos cristãos.
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